domingo, 29 de novembro de 2009

Um jeito interessante de fazer rádio

“A Patrulha é um programa policial humorístico e não um humorístico policial. Fazemos questão absoluta de estarmos amparados pela realidade com a verdade, impregnada pela crueza das ruas, para alertar a todos. Acreditamos que a receita mágica é essencialmente falar a linguagem do povo e não o português de Coimbra arrevesado e sim o brasileiro dos bares, das esquinas, das ruas de todo Brasil. De vez em quando, face à crueldade do fato, nos comentários feitos pelo Coelho Lima apossasse dele uma natural revolta e aí sem que ele possa se conter manda um palavrão bem colocado. Não é falta de respeito, é indignação diante dos percalços vividos pelo povo que tem na Patrulha a sua voz mais forte.”



Desde o início da popularização da televisão, o rádio vem perdendo espaço como meio de comunicação. Por exemplo, As rádio-novelas – produto de entretenimento muito comum na década de 50 – se tornaram obsoletas em comparação às telenovelas. Aquele velho aparelho de rádio que ficava no meio da sala-de-estar deu lugar a uma caixa de madeira com uma tela de vidro dentro, onde passavam imagens em movimento e ainda saía som!
Com o surgimento da internet nem se fala. O rádio, que era considerado o meio da instantaneidade e rapidez, encontrou um adversário de peso. A notícia que saía primeiro no rádio, agora pode sair primeiro na web.


A concorrência com outros meios veio enfraquecendo o rádio – apesar de pesquisas mostrarem que ainda é o veículo de comunicação mais abrangente do Brasil – e transformou completamente seu jeito de ser. Há décadas atrás, o rádio trazia rádio-novelas, programas de auditório e talkshows pra dentro da casa das pessoas, e isso fazia um baita sucesso!

Hoje em dia, navegando pelo dial, só encontramos basicamente três tipos de programação: notícias, músicas e pastores pregando. Rádios “all news”, como a CBN, fazem um jornalismo tradicional e nos traz as ‘hard news’ bem padronizadas. Rádios musicais, como a Transamérica, botam música atrás de música, dividindo os programas apenas por estilos e gêneros. E as rádios evangélicas trazem suas pregações, como se fosse um culto a distância. Uma série de outros elementos foram deixados pra traz e a programação acabou ficando muito ‘pasteurizada’.

Mas, por incrível que pareça, conheci um programa que resgata um pouco daquela essência da época áurea do rádio brasileiro: é o ‘Patrulha da Cidade’, da Super Tupi. Trata-se de um noticiário policial a lá Datena e/ou Wagner Montes, mas com suas peculiaridades radiofônicas. O programa – transmitido durante a semana na hora do almoço – pega notícias esdrúxulas, que costumamos ver em jornais “populares”, como MeiaHora ou Extra, e faz daquilo um espetáculo sensacionalista. Um mero crime cotidiano vira uma narrativa com personagens e efeitos sonoros, um verdadeiro teatro.

Muita gente tem aversão ao sensacionalismo, mas o que me chamou atenção nesse programa foi a utilização de estéticas diferentes de todos outros noticiários que conheço. A BandNews, por exemplo, trataria a notícia de um assassinato dando dados da vítima e do criminoso, onde, quando e como aconteceu e todas essas questões jornalísticas. Esse é o modelo de jornalismo que se consagrou na mídia (e que eu também aprovo), mas o Patrulha dá uma nova roupagem a essas notícias, mexendo com o imaginário, trazendo humor e sensações ao ouvinte.

Não dá pra ficar explicando. Pra entender, só ouvindo. O programa vai ao ar de segunda à sábado, de meio dia às 13:15.
Dá pra escutar uma pequena esquete nesse link:
http://www.4shared.com/file/67975248/99f051ce/Radioescuta_-_PATRULHA_DA_CIDA.html?s=1